Palcos de Blumenau recebem artistas de outros Estados e países para o Fitub


Técnicos, diretores e atores são as caras que movem o Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau

Jean Laurindo
jean.laurindo@somosnsc.com.br

A Blumenau dos traços germânicos e sobrenomes carregados de consoantes recebe por oito dias diferentes rostos e sotaques de todo o país e até da América Latina. Atores, diretores, técnicos e produtores culturais vêm à cidade para acompanhar as mais de 30 atrações do Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau (Fitub). Na bagagem, os participantes trazem o suficiente para passar uma semana no município e muito entusiasmo para conhecer as peças e trocar experiências com artistas de diferentes grupos.

O argentino Federico Guillermo Flotta, o Fred, já conhecia esse clima de troca de experiências do Fitub. Ele participou três vezes do festival como técnico de iluminação de espetáculos de uma universidade de Buenos Aires. No ano passado, não estava envolvido em nenhuma peça selecionada e ficaria de fora. Foi quando recebeu um convite para trabalhar como voluntário. Ficou no alojamento dos atores, na Furb, e participou da montagem dos espetáculos no Teatro Carlos Gomes.

Este ano, foi lembrado de novo pelos amigos da coordenação do festival. Desta vez está em hotel, mas Fred passa os dias mesmo nos palcos, auditórios e corredores do teatro. Tudo para conhecer pessoas, aprender e conhecer coisas novas que poderá aplicar na montagem de iluminação dos palcos argentinos quando retornar para casa.

– É um festival universitário, mas muito profissional. A estrutura de som, luz. Você conhece as peças de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Florianópolis. Os técnicos têm um trabalho incrível, não somente pela estrutura, mas também pelo jeito, pelo cuidado com cada espetáculo, que tem que se adaptar ao espaço – conta Fred, que é professor de História e de Cenografia.

FITUB
A argentino Fred é técnico de iluminação e vai para sua quarta participação no Fitub
Foto: Luís C. Kriewall Filho / Especial
Diego Abegão e Vinícius Amorim, ambos de 24 anos, vieram de Ouro Preto (MG) e participam pela primeira vez do festival. Eles são do grupo Anticorpos Investigações em Dança e conheceram o festival por indicação da iluminadora da peça, Daniele Viola, que é de Florianópolis. Eles se apresentaram duas vezes no palco do Fitub no fim de semana. O espetáculo une os conceitos de teatro e dança e têm os dois atores nus em praticamente toda a peça.

Troca de experiências

Vinícius conta que sentiu certo hiato na plateia e também percebeu um conservadorismo na cidade. No entanto, ele se diz ansioso para a análise da peça, marcada para hoje, para entender e debater as reações do público. Fora do palco, o grupo também aproveitou para assistir montagens de diferentes vertentes como “O Auto da Compadecida” e “Coro dos Maus Alunos”, de grupos de Floripa, e Os Negros, de Minas Gerais.

– A gama de linguagens dos espetáculos tem muita diversidade. A troca de conhecimento é sempre enriquecedora e o espaço de conversar sobre teatro é um ponto alto do festival – conta Diego.

Grupo paulista volta após sucesso em 2016

FITUB
Grupo de Teatro de Gomorra veio de São Paulo após elogios e prêmios em edição passada
Foto: Luís C. Kriewall Filho / Especial
Há dois anos, o Grupo de Teatro de Gomorra, da Universidade de São Paulo (USP), participou pela primeira vez do Fitub com o espetáculo Corpus. A peça foi eleita a melhor do festival – foi o último ano com premiação – e o melhor conjunto de atores, além de ter recebido muitos elogios ao longo daquela edição. Este ano, os oito integrantes do grupo voltam a Blumenau, desta vez com a produção “Agonia da Morte das Fadas”. Para a atriz Maria Fernanda Machado, o festival de dois anos atrás ajudou a entender a potência do que o grupo estava produzindo e, por isso, o Fitub ganhou um sabor especial para todos os integrantes. O diretor e dramaturgo Ewerton Correia, 24 anos, vai na mesma linha da colega.

– A primeira vez foi muito importante para a nossa trajetória. De certa forma validou nosso trabalho porque era uma linguagem experimental. Além de apresentarmos nosso trabalho, é também uma troca de experiências que não acaba. A gente vai se alimentando do que é produzido em outras universidades para disseminar o que viu aqui quando voltar – conta o diretor.