• Circula, Eva Circula! Em Blumenau!
    A noite de 03 de junho – primeiro sábado do mês dedicado ao Orgulho LGBTQIA+ – marcou as últimas ações do projeto Circula Eva, Circula! nas dependências do imponente Teatro Carlos Gomes, em Blumenau.
    Na verdade, as ações já iniciaram na parte da tarde com a segunda edição da Oficina Experiência Performática, ministrada pela atriz-pesquisadora da Cia Carona e também professora da Carona Escola de Teatro Sabrina Moura. A oficina contou com a participação de 15 estudantes e abordou de forma prática algumas das discussões e experimentos realizados a partir do processo criativo do espetáculo A Segunda Eva. Questões como: a quebra da espacialização convencional da plateia e o direcionamento da energia/presença da atriz/ator/performer para espectadoras/es que não estão necessariamente paradas/os a lhe ver/ouvir; o tempo e espaço de escuta das espectadoras/es; o estado alerta para o jogo improvisacional; noções de performance art; etc.
    Próximo às 19h, o público já se reunia pela praça e entrada principal do Salão Centenário do Teatro Carlos Gomes. Todes queriam conferir a última apresentação do espetáculo A Segunda Eva, bem como participar do Sarau com convidadas. Aproximadamente 150 pessoas lotaram o espaço onde tradicionalmente ocorrem shows e festas do FITUB. O cheirinho de quentão vindo do bar do Teatro nostalgicamente nos lembrava que este era um lugar de encontros e também que, infelizmente, não teríamos a edição do nosso Festival no ano de 2023. Rogamos para que os bons ventos soprados por Dioniso e todas as deusas e deuses que abençoam as artes da cena tragam de volta o nosso grande e tão aguardado FITUB.
    Às 19:30 nossa diva Eva Pepper, adentrava o salão, fingindo estar atrasada e brincando com convidades. Nas paredes, as luzes sugerindo um arco-íris, símbolo da diversidade, além das fotos de Eva e uma enorme bandeira LGBTQIA+ davam o tom de acolhimento para uma comunidade ainda carente de lugares seguros para simplesmente ser quem se é. A noite realmente prometia.
    “No dia 3 de junho, assisti, no teatro, o espetáculo A Segunda Eva, pela segunda vez. Só que dessa vez era diferente, fui com minha mãe, uma senhora que se acostumou a ficar bastante tempo na frente da TV como hobby. Além disso tudo, o Fábio é um grande amigo e conhece minha mãe através de conversas que vão dos clássicos ao trash, como ele mesmo diz (risos). Tudo isso se converteu em uma narrativa singular para mim e para minha mãe. Uma noite bastante emocionante, justamente porque minha mãe não costuma fazer coisas diferentes de uma rotina muito repetitiva e ela não anda bem de saúde. O que era pra ter sido só uma segunda vez assistindo A Segunda Eva, virou uma noite inesquecível, porque a Billy, minha mãe, participou várias vezes do espetáculo, em várias tiradas super rápidas dessa drag dona de todos os timmings e que foi tão generosa em trazer para cena aquela mãe de cabelinho branco e braço trêmulo em nome de todas as mães, todas as Evas. A única coisa que ela repetiu sobre a experiência: “fiquei encantada”. Sou fácil de choro, mas naquela noite o choro veio tão mais fácil, tão mais leve, tão transformador para mim, para nós.” (Giovanna Bittencourt, atriz e mestranda em Artes Cênicas pela UDESC)
    Eva Pepper encerra o espetáculo cantando e conclamando à todes a se tornarem “Rainhas dessa porra toda”. Feliz e sentindo-se considerada, a plateia retribuiu com um longo e caloroso aplauso.
    “Eva é sensacional! Experimentamos muitas emoções, a sensibilidade do espetáculo nos faz sentir na pele a beleza e as dores profundas de Eva. Nossa Rainha merece todo o reconhecimento do universo. A vida fica mais bonita com o colorido das Drags. Viva a Eva!” (Sirlei de Moura, empresária)
    Eva então agradece a presença de todes e anuncia a primeira atração do Sarau, sua “filha” Persephone Pepper: “Participar do Sarau no final da temporada de A Segunda Eva foi uma delícia. Sensação de homecoming . Eva já chega demandando, não pede licença, causa, desbanca autoridades e distribui coroas. Toda a equipe é muito querida por mim e foi uma felicidade estar mais uma vez ao lado da Carona, de Godiva e Sheron. Blumenau ainda há de dar o valor devido ao tempero Pepper.” (Persephone Pepper, artista drag queen e DJ)
    Após sua apresentação, Persephone passa a palavra para a sua mãe biológica. Sim, a diversidade também é família. E Rosane Magaly Martins nos brinda com novos dados e ações da ONG Mães do Amor.Diversidade que está indicada entre as finalistas do Prêmio Viva Blumenau, promovido pela NSC TV.
    “Acompanhamos o processo de montagem e as apresentações de estreia do espetáculo A SEGUNDA EVA. Foi o último evento antes da pandemia de COVID19 e agora em 03 de junho de 2023, tornei a assisti-lo. Apesar do tempo, a potência do espetáculo não foi reduzida, pois as denúncias e sofrimentos que nela são expostos no meio-fio de qualquer cidade são urgentes. A drag queen Eva Pepper pode ser qualquer pessoa da diversidade, que por não ser aceita por padrões morais e dogmas religiosos, são vítimas diárias do preconceito, da violência, do sofrimento. Não sei se Deus existe, se tem corpo, sexo e gênero. Mas se existisse, seria, com certeza amor. E é este pedido de amor que vejo dentro dos olhos da personagem e de todas as pessoas da diversidade, que insistem em resistir e viver. Era sobre isso e sempre será!” (Rosane Magaly Martins, coordenadora da ONG Mães do Amor.Diversidade)
    Abrir espaço para quem luta e resiste em cidades ainda menores é fundamental para que avancemos em conquistas sobre direitos da diversidade na região. O Sarau teve a honra de receber a ilustre performance de Gloria Godiva: “Estar com a Cia. Carona de Teatro, com pessoas como Persephone e Sheron, Fábio e Pépe é um mergulho no abraço da amizade e na cultura de Blumenau da melhor maneira possível. Foi maravilhoso ser recebida no afago das musas e amigos em meio à platéia e organização. Ressalto a questão do ambiente e recepção porque estes são fundamentais para o desabrochar artístico de ideias saudáveis e produtivas socialmente. O espetáculo A Segunda Eva, estrelado por Eva Pepper, deu o tom da noite e trouxe tudo isso que mencionei e muito mais. Me sinto grata e honrada de ter feito parte desse momento. Que venham mais!” (Gloria Godiva, artista drag queen, Timbó – SC).
    Para fechar o Sarau, ninguém menos que a Diva travesti, rainha do fervo e da responsa, baluarte da resistência LGBTQIA+ em Blumenau e região, Sheron D’Ávila:
    “Fazer uma participação especial no encerramento do projeto Circula Eva, Circula foi maravilhoso. Momentos de muitas risadas, alguns momentos que emocionam, tocam profundamente. A equipe muito atenciosa conosco que fizemos nossa parte, performando no Sarau. O público, nem se fala, foi extremamente acolhedor. E que venham mais projetos assim! Sucesso sempre, porque esse foi maravilhoso! Beijos a todas, todos e todes!” (Sheron D’Ávila, mulher travesti e performer)
    Após o Sarau a DJ Persephone Pepper fez todes dançarem com sua animada discotecagem.
    Assim, com festa e luta, com muitas cores, brilhos e emoção, encerramos as ações formativas e apresentações do projeto “Circula Eva, Circula!”, contemplado no Fundo Municipal de Apoio à Cultura de Blumenau, através do Edital nº 004/2021, do 4º Prêmio Herbert Holetz. Patrocínio: Fundo Municipal de Apoio à Cultura, Conselho Municipal de Política Cultural de Blumenau, Secretaria Municipal de Cultura de Blumenau, Prefeitura de Blumenau.

































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  • Circula, Eva Circula! Em Brusque!
    Sim, ela esteve lá! Nós estivemos e foi um encontro de muitos corpos pulsantes por encontros, por fazer arte e por defender os direitos das pessoas LGTBQIA+. Uma noite daquelas que a gente respira juntes, dá as mãos, se abraça e a vida ganha muitos sentidos.
    Nós da Cia Carona fomos afetuosamente acolhidos pelas pessoas responsáveis pelo Centro de Direitos Humanos – CDH, que aproveitaram as ações do projeto Circula, Eva Circula para promover uma grande noite cultural, com comidinhas, bebidas, muito público e carinhos.
    Após a apresentação do espetáculo aconteceu o Sarau com a participação das artistas locais Daivid Matias Krause, Douglas Leoni, Luca Rodrigues e Tuany Fagundes.
    Estas ações também contaram com a participação da querida intérprete de libras Cynthia Philippi.
    Nossas inquietações, sensações e emoções puderam ser partilhadas em uma grande Roda de Conversa intitulada Drag-Quem?.
    Este conjunto de ações constitui-se como um destes encontros que as palavras não dão conta de traduzir o acontecimento, mas nos parece que trazer as vozes de algumas pessoas que participaram do evento possa fazer você sentir um pouquinho do que as ações do projeto Circula, Eva Circula têm provocado por onde passou:
    “Muitas vezes, quem está de fora não compreende o tamanho da importância desse tipo de evento. Não raro, é um desafio para nós artistas LGBTQIAP+ trazermos nossas vivências e anseios, com gêneros e sexualidades dissidentes, para o palco. Ter um momento como esse, com casa lotada, podendo experimentar, criar, errar e celebrar esse tipo de encontro nos traz esperança e força, por conseguirmos perceber, novamente, que temos voz, que querem nos ouvir, que podemos escutar nossas pares, nossas diferenças e que sim, temos público! Um público ávido e curioso, que também anseia por mais momentos assim. Depois de anos de rigidez, medo e insegurança, percebo que temos que agarrar este novo ciclo, e nos unirmos com aquelas pessoas que fazem parte de nossas histórias e que estão com a gente para o que der e vier. Nós não estamos sozinhas e eventos como este serão cada vez mais comuns, numerosos e procurados. O caminho nunca foi e não será fácil, mas é no encontro de nossas vidas e nossas artes que vamos (re)criando trajetórias, para as que vieram, para as de hoje e, sem dúvida, para um amanhã mais colorido para todas nós!
    VIDA LONGA AOS DRAG KINGS E ÀS DRAG QUEENS! VIDA LONGA ÀS NOSSAS EXISTÊNCIAS SEM CULPA! VIDA LONGA À EVA E À CIA CARONA! SIGAMOS
    (Tuany Fagundes)
    “Vivenciar experiências como a que tivemos o privilégio de assistir/viver na apresentação de A Segunda Eva – Cia Carona, é daqueles momentos inesquecíveis na nossa trajetória de lutas e sonhos!” (Ana Beatriz Baron Ludvig, ativista de Direitos Humanos, membra do Centro de Direitos Humanos de Brusque, Conselheira do Conselho Estadual de DH.)
    “Foi um presente receber a Eva e demais artistas no espaço do CDH Brusque. Tanto pela chance de vermos o trabalho incrível da Cia Carona de perto quanto pela possibilidade de fomentar a troca local – criando, produzindo e incentivando uma agitação que queremos ver frutificar. Eva é um espetáculo fundamental e maravilhoso! Nos fez rir e chorar, nos emocionar – ao termos a chance de visitar um pouco do mundo Drag Queen – e também nos indignar – confrontando uma realidade que ainda violenta tanto a existência das pessoas LGBTQIAP+. Termos a plateia cheia reaviva nossas esperanças de que um mundo mais diverso é possível e melhor – que mesmo e apesar de tudo existimos, seguimos, resistimos e continuaremos fazendo muita arte e festa. Obrigada e já queremos mais!
    (Rafaela F. Kohler, CDH/Brusque)
    Nós também queremos mais e vamos continuar lutando por nossos sonhos e lutas, para fazer do amanhã mais colorido!!!! Em Brusque, em Blumenau, no Vale do Itajaí, por onde estivermos presentes, esta será a nossa busca!
    Te convidamos a se juntar a nós na criação desses mundos mais diversos, respeitosos e acolhedores para todas as pessoas. Participe das ações artísticas promovidas na sua cidade, se deixe afetar pela arte, sem medo de aceitar a transmutação dos padrões, de encarar nossos modos preconceituosos de transitar pelo mundo. Vem, circula com a gente, circula!



























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  • Estreamos!

    Estreamos! As experiências começam a ser testadas agora com o público. Algumas se confirmam, outras se adaptam, como, por exemplo, quando usar o microfone, quando beber (pois o bar da boate estava funcionando). Porém, uma sensação se confirma, Eva está num espaço, tanto físico quanto dramatúrgico que a guia e traz concretude a seu discurso, mas com muitos espaços. Para seus improvisos, para seus “números” (dublagem, canto etc.), seus gritos de luta, seus chavões e, principalmente, sua relação bem-humorada e afetuosa com o espectador, ainda assim cumprindo uma curva dramatúrgica não linear, que faz parte dos fundamentos da Cia Carona de Teatro. Para isso, trazemos um depoimento de nosso dramaturgo:
    O trabalho de dramaturgia do espetáculo “A Segunda Eva” consistia em levar Eva Pepper, drag queen do ator Fábio Hostert, já bastante conhecida pelo público blumenauense, para “dentro” de uma peça. Para isso, era importante deixá-la livre, longe das “amarras” de marcações rígidas e textos metodicamente decorados. Além disso, diante da situação política catastrófica vigente em nosso país, não queríamos deixar de nos posicionar. Procuramos buscar em Eva Pepper o caminho a ser seguido, deixando que ela e o seu sarcasmo nos guiassem (Gregory Haertel).

    Realizamos apenas três apresentações presenciais. Quatro dias depois da estreia, explodiu a pandemia do Covid-19. 
    Ainda sobre a estreia, trazemos o depoimento de Ruan Rosa:
    A “Segunda Eva” foi uma experiência entre arte e realidade muito interessante. O espetáculo testemunha não só a experiência de uma vida, e da criação de uma identidade, mas também é uma proposta de alteridade através da experiência estética que é o teatro e também a arte drag. Com Eva, podemos sentir as dores e as alegrias que atravessam a existência de uma identidade marginalizada. Sem falar do aspecto contemporâneo e cosmopolita da discussão que o espetáculo traz para uma cidade de médio porte, e mentalidade pacata, como Blumenau. Eva é única, mas nos convoca a pensar na experiência de muitas outras “Evas” que existem mundo afora (Ruan Rosa).
     

     
    Temporada de Estréia – dias 12, 13/03 as 20h e dia 14/03 as 19h – Na Box Music – Blumenau
    Sinopse de A Segunda Eva
    “Eva é ela, a drag, a rainha, a deusa. Ela é livre e, sendo livre, pode ser muitas. Eva ri de si mesma, rida sociedade hipócrita e intolerante que nos cerca, ri das pessoas e faz as pessoas rirem. Sozinha no meio do público, sob luzes e roupas extravagantes, ela também chora. Mas jamais abdica da diversão e da afetividade. Assim como ela não é a primeira, o mundo também pode se tornar um segundo mundo. Mais divertido. Mais tolerante. Mais colorido. É nisso que A Segunda Eva acredita”.
    Ficha Técnica 
    Atuação – Fábio Hostert 
    Direção – Pépe Sedrez 
    Produção – Sabrina Marthendal, Sabrina Moura e James Beck 
    Dramaturgia e Letras – Gregory Haertel 
    Músicas – Edu Colvara 
    Participação em Funk da Eva – Mayla Valentin
    Arranjos e produção musical – Junior Marques
    Preparação vocal – Mareike Valentin 
    Figurinista – Salomé Abdala
    Olhares Colaborativos – Barbara Biscaro, Carlos Simioni, Lenilso Silva, Marilei Post, Aline Cruz, Maldita Hamer, Suzaninha Richthofen, Gabriela Dominguez, Sabrina Marthendal, Sabrina Moura, James Beck, Angie Cavalheiro Rodrigues, Eduarda Matiello, Dona Lígia Schmidt e Espectadorxs participantes das Mostras Processuais e Rodas de Conversa.
     

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    Estreamos!

    Experiências

    Metodologia colaborativa

    Linguagem e à espacialidade do espetáculo

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  • Experiências
    Após as experiências com as 3 mostras processuais, os diálogos com os integrantes da Cia Carona e a continuidade dos ensaios, decidimos na quarta mostra romper com quase tudo que tínhamos. Eva foi para um espaço junto ao público, sem lugares definidos para plateia, intercalando algumas cenas já compostas com outras propostas de jogos diretos com a plateia, como o tradicional “eu nunca…”.  Sem a preocupação de uma linha dramatúrgica, mas sim, com foco na relação com a plateia. Bingo! Era isso que faltava. Eva jogando mais, se relacionando mais, estando mais livre, inclusive espacialmente. 

    4ª Mostra Processual – em 12/02/2020 às 20h – na Cia Carona (Teatro Carlos Gomes).
     
    Claro que após essa experiência, percebemos o “meio termo”, unindo essa liberdade, com as curvas dramatúrgicas. Cia Carona e Gregory, dramaturgo, trabalham muito próximos tecendo esta trama final para A Segunda Eva.
    Esses percursos pelas mostras processuais, somados as avaliações destas experiências e ensaios finais nos levaram a colocar Eva numa boate! Colamos cenas, jogos, dublagem, canto, risos e angústias conectados com essa espacialidade. A boate não funcionará com sua função primordial, mas nos colocaremos nesse espaço junto ao público e isso nos trará inúmeras possibilidades para que nossos anseios se concretizassem, assim como o risco do conteúdo poder se perder, é um espaço onde todos estarão fora da zona de conforto quando se pensa numa peça teatral.
    Agora é aguardar pela estreia!

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    Experiências

    Metodologia colaborativa

    Linguagem e à espacialidade do espetáculo

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  • Linguagem e espacialidade do espetáculo
    Com relação à linguagem e à espacialidade do espetáculo, precisávamos manter a Eva “livre”, a Eva “diálogo”, a Eva “improviso”; e, ao mesmo tempo, estabelecer as curvas dramatúrgicas que nos interessam na composição de uma obra teatral. Neste momento, citamos outra ação de nosso projeto: as Mostras Processuais. A ideia dessas mostras é promover a troca e criar junto, buscando expandir as possibilidades do processo proposto pelo grupo para montagem dessa obra: colaborativo e inclusivo. Nelas, apresentamos, publicamente, partes do espetáculo que estávamos construindo. Essas mostras foram cruciais para percebermos, a partir do retorno do público, se nossas propostas estavam se consolidando, em nossos anseios, com A Segunda Eva. 

    1ª Mostra Processual – 12/11/2019 – às 18h30 – na FURB (Sala S-113). Dentro da IX Semana Acadêmica de Artes
     

    2ª Mostra Processual – 13/11/2019 –  às 19h – na Cia Carona (Teatro Carlos Gomes).
     

    3ª Mostra Processual – 13/12/2019 – às 20h – na Cia Carona (Teatro Carlos Gomes) Dentro da programação da 22ª Mostra Carona de Teatro
    Até a terceira mostra, já tínhamos algumas músicas compostas e cantadas por Eva, textos, corporeidades e vocalidades vindas dos trabalhos com os profissionais anteriormente citados. Mas, Eva ainda estava numa relação bastante “formal”, apesar de dialogar diretamente com o público. Ainda estava um pouco engessada dentro da dramaturgia que estávamos compondo. Percebemos, assim, que faltava jogo com o público, que faltava quebrar com a história que estávamos contando, apesar de não ser linear, nem temporal. Desafio a ser experimentado na próxima e última mostra processual.
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    Experiências

    Metodologia colaborativa

    https://ciacarona.com.br/linguagem-e-a-espacialidade-do-espetaculo/
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  • Metodologia colaborativa
    Nessa metodologia colaborativa, deste processo, esse aspecto se ampliou, pois realizamos, como disparador de pesquisa, três encontros criativos/rodas de conversa com os temas: Combate e Prevenção à Violência LGBTTQIA+, Desconstrução da Masculinidade e Drag-Queen – Arte, Política e Liberdade: Close Certo!
    A ideia dos Encontros Criativos foi promover a troca e criar junto, buscando expandir as possibilidades deste processo proposto pelo grupo. Através das temáticas LGBTTQI+ e o universo Drag Queen, temas centrais, a Cia Carona quer construir espaços para ouvir as vozes de pessoas que facilmente são caladas e invisibilidades em nossa sociedade.
    Nessas rodas, propomos algumas ações: colagens e escritas livres em cartazes, práticas de interação, gravação de depoimentos, seguidos sempre de um diálogo sobre os temas propostos. Esses momentos foram muito ricos, produtivos e nos trouxeram materiais temáticos para que compusemos o conteúdo textual que Eva Pepper poderia explorar. Lenilso Silva e Marilei Post, convidados desses encontros, comentam: 
    O processo da roda de conversa sobre a população LGBT foi um momento sublime para trazer à luz a situação de vulnerabilidade social e o processo histórico desta comunidade  para que possa viver plenamente. A maior relevância foi o extraordinário debate a respeito da realidade social ingrata que os LGBTs vivem apenas por existirem. Também foi uma oportunidade de dialogar sobre saídas para enfretar a LGBTfobia. Resultado: enquanto houver LGBTfobia, haverá nossa luta (Lenilso Silva).
    Embora eu não seja conhecedora dos elementos que compõem uma peça de teatro, sou apaixonada pelo teatro como forma de expressão. Participar das rodas de conversa colaborativas desde a concepção da peça “A Segunda Eva”, juntamente a roteiristas, diretores,  atores (etc.) foi uma experiência incrível em que foi possível perceber a ideia evoluindo coletivamente  (Marilei Post).
     

    1º  Encontro Criativo – Aconteceu na Secretaria Municipal de Cultura e Relações Institucionais, no espaço Elfy Eggert – em 10/03 – 19h 
    Tema: Combate e Prevenção à Violência LGBTTQIA+
    Convidado: Lenilso Silva – que será a representação de liderança em movimentos de luta e combate a lgbtFobia.
     

    2º  Encontro Criativo – Aconteceu no Greenplace Park – Blumenau – em 10/04 – 19h 
    Tema: Desconstrução da Masculinidade – 
    Convidadas: Marilei Post e Aline Cruz, mulheres, líderes de organizações e movimento social voltados à luta por garantia de direitos das mulheres em Blumenau e região. 
     

    3º  Encontro Criativo – Brazuka´s Hostel – Blumenau – em 08/11- 19h
    Tema: Drag-Queen – Arte, Política e Liberdade: Close Certo! 
    Participação das Drag-Queens: Bella LaPierre (Gabriela Domingues), Maldita Hammer (Salomé Abdala Issa) sendo estas 2 por web-conferência e participação presencial de Suzaninha Richthofen (Artur Rugoski). 
     
    Após esses encontros, começamos os trabalhos práticos com a montagem. Da Cia Carona, Pépe Sedrez, integrante fundador do grupo, assumiu a direção do espetáculo. Aqui, Pépe nos traz um ponto crucial que nos desafiou:
    Uma das premissas que elegi(emos) como norteadoras para o processo foi  não perder a liberdade de Eva Pepper. Condição sine qua non para a existência desta persona, pois não consigo conceber Eva sem liberdade e, talvez, nem Liberdade sem Eva – aqui uma referência e uma enorme reverência ao Coletivo LGBT onde Eva nasceu. A dificuldade situava-se então entre não perdê-la, porém não tornar o espetáculo um show improvisacional. Frequentemente trabalhando a partir de bases muito sólidas para a construção de ações físico-dramáticas e em estruturas complexas como partituras, nos interrogamos constantemente sobre como a drag queen se portaria. Como não abdicar completamente de nossa busca por precisão e rigor técnico que, cremos, sejam indispensáveis para a edificação desse organismo vivo que é uma obra teatral e, não obstante, não trair a característica essencial de Eva: a relação libérrima e diretíssima com sua plateia. Talvez até já soubéssemos mas, enfim, compreendemos na prática que para não engessar sempre é possível rebolar mais; que perucas, cílios e saltos altos jamais impediriam a precisão necessária; que a língua ferina também pode ser – e é – acolhedora, empoderadora; que o deboche não é mero mecanismo de ataque/defesa, mas instrumento cirúrgico na crítica politizada; que o fervo também é luta e que o amor liberto é realmente revolucionário.
    Também convidamos outros profissionais, para além da Cia Carona, que fizeram parte do processo de construção artística, que trabalharam questões específicas como: corporeidade, vocalidade e músicas. Tivemos Bárbara Biskaro (Florianópolis/SC) e Mareike Valentin (Blumenau/SC), com foco na vocalidade de Eva; Carlos Simioni (Campinas/SP), na corporeidade; Gregory Haertel (Blumenau/SC), que assinou a dramaturgia e letras das músicas; e Edu Colvara e Júnior Marques (Blumenau/SC), na composição e nos arranjos musicais.
    No trabalho com Carlos Simioni, do Lume Teatro, grupo parceiro de nossas pesquisas e  mãe drag de Eva com a sua clown Gilda, Fábio experimentou lugares técnicos já presentes em si, dada a trajetória de nossos estudos, porém, agora, colocados na figura de Eva. Carlos comenta:
    Trabalhar com Eva foi de um desafio imenso, primeiro porque eu a conheço e para mim ela já está “pronta”, o que eu poderia trazer para essa figura? Tratei de focar no corpo como propulsor do campo magnético, ativando o que chamamos “corpo sutil”. Neste estado, totalmente consciente, o ator abre portas e tem acesso ao que chamamos de energias complementares, possibilitando o acesso mais concreto à sensibilidade, intuição, imagens que são inatas ao ser humano mas, não acessadas no corpo cotidiano. Eva, pode então, codificar, memorizar as imagens transformadas em corpo ou em formas com sutilezas e densidades. O estado de ser do ator. A plenitude do sensível, como nos ensina a dança butoh (Carlos Simioni, em 2019).
    Ensaios
    Neste ponto do processo, já com vários materiais criativos (textos, ações, músicas etc) resgatamos o relato de Pépe e comentamos o que, para nós, talvez tenha sido o desafio principal: a composição dramatúrgica no sentido temático e, principalmente, na linguagem espetacular, que desse conta de abraçar as especificidades que a obra necessitava ter pelo fato da personagem ser uma drag queen.
    Como ela nasceu no ativismo LGBT, isso nunca se afastou de seus “gritos”. Então, unindo as impressões das rodas de conversa, buscamos textos que expandiram esses aspectos ativistas de Eva, porém sem perder o olhar poético que a arte traz para questões político-ativistas. 
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